LEITOR PROFUNDO
Dizer algo que fira todo mundo,
num soneto como este, mal escrito,
é querer, desse jeito, ser proscrito
para bem longe dentro de um segundo.
Mas há aquele leitor, mais profundo,
que desvenda o que, pelo autor, foi dito.
Aquele que, num verso, ler um grito.
e, no raso, vai sempre mais fundo!
Às vezes, sem querer, digo e não digo,
nas entrelinhas do soneto sigo
e findo, no final, dizendo outra cousa!
Seja em frase que tenha curto efeito,
seja em outro poema a pouco feito
assinado por mim: Miguel de Souza.