Desdém da vida
A Vida, às vezes, arde, chora, brada,
Na escuridão do ser, hoje se entrega,
Em tíbios sonhos vai-se a madrugada,
E a esperança, aos poucos, se renega.
Os dias vão, na angústia degradada,
Rastros de dor em almas se congrega,
A sombra frígida, no peito, herdada
E todo o amor, fictício, já se entrega.
O riso morre em lábios de tristeza,
E em vão buscamos luz na noite amarga,
Neste mundo de tanta mágoa e ofensa.
Oh, vida, que desdém em tal crueza,
De fado e dor extremamente larga,
Faz com que a morte seja a recompensa!