Me desculpe, Camões!

Um soneto perfeito eu não consigo,

Pois que me foi negado esse talento.

Mas, apesar de tudo, ainda tento

O milagre do pão, forjar no trigo .

 

As vezes ponho um verso de castigo.

As vezes uma sílaba a mais.

As vezes troco as tônicas vogais.

As vezes erro a crase no artigo.

 

As vezes penso cá, com meus botões,

Por que sinto vergonha de Camões,

Quando leio um soneto que eu fiz?

 

Eu penso ter chegado à conclusão,

Que a pena caleja a minha mão,

Só pra fazer de mim um apendriz.

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/06/2024
Código do texto: T8092250
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