Tatuagem
Vou te grudar no colo feito tatuagem,
Que nem palha de aço inflama ou remove.
E vou amá-la às dez, talvez também às nove,
Pois o amor agora tá só de passagem.
Vou molhar o teu corpo na manhã que chove,
Num dia de verão depois dum longo estio,
E vou fazer teu pelo arrepiar de frio,
E duvidar de ti até que alguém me prove.
Vou ser a cicatriz da flecha do cupido,
O verso de amor calado em teu ouvido,
Os dentes da serpente em tua pele nua.
Vou deixar no teu ventre a dor do meu pecado,
Até que o mundo inteiro tenha perdoado,
E minha tatuagem grude sobre a tua.