OTALGIA
A uma dor d’ouvido do caramba...
Ah, dou-te a saber, amigo, como dói
A dor doída neste esquerdo ouvido,
Que chega, derruba, detona e destrói
Meu sossego, meu pouso, meu sentido!
Dói-me tanto quanto peso de chumbo
Com mil ávidas agulhas a lhe aferroar!
Sinto-me tal e qual ao elefante Dumbo
Carecido de suas orelhas pra voar!
Há ainda um desconcertante prurido,
Que acompanha firmemente a minha dor,
Chegue aqui, ponha-te ao pé de meu ouvido...
Me escute atentamente e ouça, por favor:
Quero o caso acabado, resolvido...
Venha logo, não demore, meu doutor!