Januária
Januária não sai mais na janela,
Desde que seu cabelo embranqueceu.
E mesmo assim, poetas, como eu,
Inda querem chegar mais perto dela.
Quando a canície chega e revela
A beleza invulgar da faixa etária,
Que um dia chegou pra Januária,
O espelho responde que é ela.
Então ela desdenha do espelho,
Reaplica o batom, o mais vermelho...
O batom dos seus tempos de atriz.
Dá um sorriso um tanto disfarçado,
Abre um pouco a janela, com cuidado...
Pra ouvir a plateia gritar: bis!