PONTO FINAL

PONTO FINAL

Tu sabias, companheiro de jornada

Que não tem bolso ou gaveta no caixão?

Quando tu morreres, daqui levas nada

Mas ganhas verme na carne e escuridão

Para quem carrega no peito a presunção

E leva tudo na força-bruta da arrogância

O cemitério é a derradeira e triste estação

Onde se findam orgulho e toda relevância

Escreve no tecer do dia a dia a tua biografia

Teus feitos, sim, têm importância verdadeira

Vigor físico, bravura, bazófia, usura e valentia

Não assustam aquela que é a cruel ceifadeira

Enquanto rosnavas, xingavas e dentes rangia

Ela sorria da tua branca e descarnada caveira

Poeta matemático
Enviado por Poeta matemático em 22/06/2024
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