SOMBRAS NA NOITE

 

Quando a lua mortiça se revela

e tinge em cores frágeis o cenário,

e cerra-se janela após janela,

e sopra o vento ao longe, temporário,

 

e um pássaro prolonga sentinela

no topo singular do campanário,

e treme sutilmente, feito vela,

a lâmpada de um poste solitário,

 

as sombras movimentam-se ao luar…

altas, difusas, tristes, a vagar

tal como uma fantástica visão.

 

E a marcha vai seguindo sem igual…

Lá na fileira lôbrega, espectral,

vou eu também, em meio à procissão.