SONETOS DA DESPEDIDA ( PARTE 9 )

A beleza, impiedosamente o provoca

todos os dias, seja no início da manhã

ou ao entardecer, quando o dia em

declínio decadente cede lugar a noite.

A beleza lança o seu olhar sobre o poeta

como o pescador lança sua rede sobre o mar,

o olhar seguindo de um cálido

sorriso, o poeta acena de coração aflito.

O poeta não deixa de pousar os seus

olhos nas curvas delirantes da beleza,

ela por sua vez finge não provocá-lo.

Os dois se despedem, olhares que fogem

ao alcance, buscando na imaginação

deformada imagem do pecado original.

Tiago Macedo Pena e Alberto A. Lispector.
Enviado por Tiago Macedo Pena em 21/06/2024
Reeditado em 21/06/2024
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