SONETOS DA DESPEDIDA ( PARTE 9 )
A beleza, impiedosamente o provoca
todos os dias, seja no início da manhã
ou ao entardecer, quando o dia em
declínio decadente cede lugar a noite.
A beleza lança o seu olhar sobre o poeta
como o pescador lança sua rede sobre o mar,
o olhar seguindo de um cálido
sorriso, o poeta acena de coração aflito.
O poeta não deixa de pousar os seus
olhos nas curvas delirantes da beleza,
ela por sua vez finge não provocá-lo.
Os dois se despedem, olhares que fogem
ao alcance, buscando na imaginação
deformada imagem do pecado original.