NÃO NASCIDO

NÃO NASCIDO

A morte dum não justifica doutro

Mesmo que um ainda não exista

É cômodo minimizar a dor noutro

Visto que humano é ente egoísta

Filho não nascido, como sabê-lo?

Desejado quando resulta do amor

Se dum estupro, melhor não tê-lo

Pela soma do sofrimento e da dor

A essência humana é consciência

Gerada e formada após existência

Abortar cessa o existir e não o ser

Diverge da demagogia social do ter

Em que Mateus 26 é desconhecido

Vil pecador não era pra ter nascido

Marco Antônio Abreu Florentino

Deixando clara e explícita publicamente minha opinião favorável ao aborto, cuja decisão é soberana e imperativa da mulher ou dos responsáveis, quando tratar-se de crianças.

Referências para inspiração:

1) Poema Enjoadinho - Vinicius de Moraes:

Filhos, filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-los?

2) O Ser e o Nada - Jean Paul Sartre:

¨A existência precede a essência¨.

¨O homem, antes de tudo, existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e se define depois¨.

3) Bíblia - Mateus 26:24:

24 Em verdade o Filho do Homem vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Bom seria a esse homem se não houvesse nascido.

4) Dissertação de mestrado Melina Séfora Souza Rebouças.

A seguir, o resumo da dissertação de mestrado em psicologia pela UFRN, cuja impecável apresentação da colega Melina Séfora foi por mim aplaudida.

O ABORTO PROVOCADO COMO UMA POSSIBILIDADE NA EXISTÊNCIA DA MULHER: REFLEXÕES FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAIS

A Dissertação ¨O Aborto Provocado Como Uma Possibilidade na Existênciada Mulher: Reflexões Fenomenológico-existenciais¨, elaborada por Melina Séfora Souza Rebouças foi considerada aprovada por todos os membros da Banca

Examinadora e aceita pelo Departamento de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN, como requisito parcial à obtenção do título de MESTRE EM PSICOLOGIA.

Natal, RN, 20 de agosto de 2010.

RESUMO

O aborto provocado é um tema bastante polêmico e estigmatizado, sendo alvo de muitas críticas e discussões, principalmente no que se refere aos aspectos legais, bioéticos e religiosos envolvidos.

No Brasil, o aborto é considerado um grave problema de saúde pública, sendo um dos maiores causadores de morte materna devido à sua criminalização. A mulher que provoca um aborto não é bem vista pela sociedade, uma vez que a maternidade, cultural e historicamente, lhe foi imposta como destino.

O nosso principal objetivo é compreender, a partir da perspectiva fenomenológico-existencial, a experiência singular dessa mulher que provocou o aborto.

O presente estudo é um desdobramento de uma pesquisa mais ampla da USP em parceria com a UFRN. As nossas participantes foram mulheres que deram entrada em uma maternidade da cidade de Natal com diagnóstico de

abortamento e, dentre estas, as que relataram ter provocado o aborto. Ao todo, cinco mulheres foram entrevistadas. O método utilizado foi a hermenêutica fenomenológica.

A pesquisa revelou que a experiência do aborto é uma possibilidade que permeia a existência da mulher, sendo compreendido como uma escolha. Escolha essa perpassada por muito sofrimento, na medida em que a

mulher se posiciona contra tudo o que lhe foi ensinado e destinado culturalmente. O sentimento que mais vem à tona nessa experiência, confirmando a revisão de literatura, é a culpa.

O aborto também se mostrou como uma experiência de desamparo e solidão, devido à falta de apoio da família e do parceiro. Também foi revelado que o aborto se deu, em grande parte, pelo desejo de dar continuidade aos projetos futuros, inclusive o exercício da maternidade dentro do que consideram ideal para a chegada de um filho, isto é, a constituição de uma família alicerçada num relacionamento estável.

No que refere ao atendimento prestado pelos profissionais de saúde a essas mulheres, revela-se a necessidade de uma reestruturação da lógica de funcionamento do SUS para que estas tenham direito à saúde de forma integral.

Essa experiência também fez as mulheres reverem os significados que tinham em relação ao aborto, bem como os seus projetos de vida.

Palavras-Chave: Aborto Provocado; Mulher e Maternidade; Pesquisa Fenomenológico-Existencial; Aborto e Saúde Pública; Hermenêutica Fenomenológica

https://youtu.be/0iLKG9cUo8o

(Breathe - Pink Floyd)