A ESPERA INÚTIL

 

Abro a janela, num matiz de luz,

aspiro a noite calma e perfumada.

Afaga-me, inebria, me seduz,

a brisa murmurante e delicada.

 

Olho a cidade. Prisma que reluz

ao místico glamour da madrugada.

Visão emoldurada em ramos nus,

rolando folhas mortas na calçada.

 

Às vezes, uma flor ao abandono,

pedaços do luar de fim de outono,

são coisas ao redor, que vão e vêm,

 

sem distinção qualquer, ou paradeiro,

enquanto, sob a luz do lampadeiro,

espero ainda aparecer alguém.