A VISITA NOTURNA

 

Ela chegou de súbito, do nada,

na noite delirante e mal dormida,

as vestes soltas, fronte coroada

de pétalas azuis, desconhecida.

 

Não sei de que horizonte, de que estrada,

que trilha imensurável, proibida,

ela surgiu, suave, delicada,

sozinha, fantasmática, perdida.

 

Então se retirou, furtivamente,

a sombra vaga, frágil, transparente,

levada sobre o chão atrás de si,

 

deixando em meu recinto solitário,

o seu perfume quase imaginário.

De alguém que há muitos anos esqueci.