ROSA 130, 131 e 132
ROSA 130
Mulheres, apenas sombras sem brilho,
Que vivem na sombra dos maridos,
Seus sonhos são apenas os pedidos
Que eles concedem com seu estilo.
Não têm voz, não têm gosto ou estilo,
Servem apenas aos seus queridos,
Sem direito a desejos ou gemidos,
Seguem sempre sob o mesmo trilho.
Mas mesmo assim, seus corações anseiam
Por um pouco de luz, de liberdade,
Por um vislumbre de felicidade.
Porém, o machismo as aprisiona,
E seus sonhos, como ervas daninhas,
São podados pela mão dos machos.
ROSA 131
Nas asas do sutil sentimento ardente,
Indago se o amor deve ser tão complexo,
Com dramas, dores, mágoas e despeito,
Ou se seria melhor, simples e clemente.
Freud, no íntimo do ser inconsciente,
Explora desejos, conflitos e pretextos,
Emaranhados num intricado anexo,
Que molda o amor, intrinsecamente.
Mas e se a chave da harmonia e paz
Estiver na simplicidade do olhar?
No afago terno e no sorriso capaz
De transcender barreiras, sem opor-se ao luar,
Em um vínculo sereno, livre de audaz,
Onde o amor possa livremente se expressar.
ROSA 132
Oh triste sina, ver que amor genuíno
Já não existe em meio aos interesses
A cor, riquezas, descomedimento destino
Na conquista da pessoa amada, inverses
Se alguém não ser, ter, poder é esquecido
Quem ama, relegado ao esquecimento
Pois o dinheiro se deita sem sentido
Em qualquer cama, sem tormento
Oh mundo cruel, onde a alma é vendida
Ao mais alto lance, sem piedade
E o coração se torna moeda perdida
Amor verdadeiro, tão raro hoje, como o carinho
Onde a superficialidade impera com vaidade
E a essência do sentimento se perde em desalinho.