Soneto inglês (III)*
Fizeram da vida uma Prisão sem Muros,
Um Deserto onde vive Eternamente a Solitude,
Numas mãos estendidas ouço pregar-se o cravo duro,
Ecoa o Silêncio...onde Soluçava o Alaúde...
Ah essa Dor Cósmica que Lacera o próprio Existir!
Chagas abertas a receber sal e vinagre,
Rezar por um nunca-vindo Milagre,
Um barco preso nos recifes,sem poder Partir...
Uma cruz na qual Nicodemos não se espera,
Reduzindo ombros a frangalhos,
Fruta podre e carcomida em magros galhos,
Cujo a fome mordaz o quer e vocifera...
... Onde vivo Eternamente a Solitude,
... Onde Soluçava o Alaúde...
Oxford, 13 de Junho de 1923
https://pergaminhos.comunidades.net