DE ONDE VENHO
De onde venho, amor, tudo é sombrio.
Lá eu não tinha a luz dos olhos teus...
Os dias iam se tornando em breus,
deserta, a vida estava em pleno estio.
Lá não eram azuis os sonhos meus
e a solidão era sempre um desafio...
À tarde, o sol já não banhava o rio
de luz, amor, desde o teu último adeus.
Como um soldado que da guerra volta;
um passarinho, preso, que se solta,
um peixe que venceu o anzol; a rede,
venho de lá, vencido de cansaços,
querendo descansar em teus abraços
e nos teus beijos matar fome e sede.