Despoetização do Estro
Meu estro está mais frio a cada dia!
Já não se manifesta como outrora!
Quem sabe, brevemente chega a hora,
Em que vai esfriar a poesia?
Já não sinto a volúpia que sentia,
Quando a inspiração batia à porta.
Que seja um sonetilho, pouco importa,
A alma do meu estro está vazia.
A rimas já não rimam como antes!
Sejam letras vogais ou consoantes
Destoam, verso a verso, o tom da lira.
O que hei de fazer? Eu me pergunto:
Comer salame e arrotar presunto,
Ou camuflar, em versos, minha ira?