ROSAS 119, 120, 121 e 122
ROSA 119
No palco da vida, onde a glória almeja,
A sociedade traça o meu destino,
No fosso dos desejos, me atira,
E a chama do amor, em cinzas, se afoga.
A glória que me espera, não é de alma,
Mas de ouro e fama, sem amor e razão,
A beleza, o dinheiro, a ilusão,
Me cegam, me aprisionam, me amalgamam.
A moral e a ética, em vão clamam,
Afogadas no mar da ambição,
E os sonhos que eu nutri, vão se perdendo,
Sem tempo pra sonhar, sem tempo pra amar.
Mas em meu peito, a chama ainda arde,
E um dia, a liberdade, eu vou alcançar.
ROSA 120
Na armadura de aço, que a alma veste,
Para agradar, fingir, defender o peito,
Um risco corre, que a alma se aflige,
De se fundir à própria veste.
A máscara fria, que o semblante veste,
Para esconder a dor, o medo, o grito,
Torna-se o espelho, que a alma reflete,
E a alma, presa, em seu próprio cativeiro.
A armadura, que a alma construiu,
Para se proteger do mundo cruel,
Torna-se prisão, onde a alma pereceu.
A alma, aprisionada, em seu cruel,
Cativeiro de aço, se sente vazia,
E a liberdade, um sonho que se afasta.
ROSA 121
No abismo escuro surge a criatura bela,
Que tenta cortejar as mariposas no ar,
Mas seus mecanismos são de forma, mar,
E, sentindo-se incapaz, volta para a viela.
Seu brilho esplendoroso encanta à primeira vista,
Mas seu coração não bate no compasso do amor,
E assim, se retira para a escuridão, sem clamor,
Deixando as mariposas à deriva, à procura de conquista.
Oh criatura misteriosa, por que a solidão te consome?
Por que não encontras no cortejo a verdadeira paixão?
Será que teu coração de metal não pode amar?
Que triste sina a tua, sempre na escuridão,
Cortejando mariposas que voam sem rumo,
Enquanto teu brilho se apaga no imenso luar.
ROSA 122
Minha alma se divide entre a boca e o peito,
Onde os sentimentos se entrelaçam e se confundem,
Às vezes calo a voz, pois o coração é o sujeito,
Que comanda minhas ações, me ensina e me ilumina.
Entre o falar e o sentir, sinto-me perdido,
Sem conseguir expressar o que realmente sinto,
Mas quando a emoção fala mais alto, sou erguido,
E deixo transparecer o amor que é meu instinto.
Minha personalidade se revela nesse embate,
Entre a razão e a paixão, entre a mente e o peito,
E mesmo que pareça confuso e desse jeito.
Sigo buscando equilíbrio e sintonia,
Entre a voz que cala e o coração que grita,
Para enfim me encontrar e viver em harmonia.