Soneto contra o mal pertinaz
Ah! Faz tempo não visito o soneto,
O que agora, sem alegria faço,
Pedindo o brilho da letra no traço
Deste que hoje devia estar de preto.
Mas esta forma é, sim, meu amuleto,
A me dar força que – se não é de aço –
É lenitivo contra o meu cansaço
Onde o viver em paz é obsoleto.
Este momento de armas que refuto,
Lá em Gaza exacerba as suas garras,
E o enorme terror ecoa absoluto,
Contra a mulher, a criança, o impoluto,
Contra quem é tão frágil nas amarras
E só me deixa em renitente luto!