Dedicatória
Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.
Descido à cova, o corpo inerte meu
E os comensais, em tétrica corrida,
Apetitosamente vêm, no breu,
Devorarem-me os restos já sem vida.
Eu que vivi, de forma decidida,
Sem religião, completamente ateu,
Dedico a trajetória assaz sofrida
Ao verme que primeiro me roeu.
Aqui termina a insólita vaidade,
Na morte que me ceifa o orgulho vão.
Lanço-me ao nada sem contrariedade.
Meu corpo dado aos vermes. Pobre pão!
Sem Vida, sem Caminho, sem Verdade,
Sem recompensa de Ressurreição.
Fernando Antônio Belino Sete Lagoas MG