Dedicatória

Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.

 

Descido à cova, o corpo inerte meu

E os comensais, em tétrica corrida,

Apetitosamente vêm, no breu,

Devorarem-me os restos já sem vida.

 

Eu que vivi, de forma decidida,

Sem religião, completamente ateu,

Dedico a trajetória assaz sofrida

Ao verme que primeiro me roeu.

 

Aqui termina a insólita vaidade,

Na morte que me ceifa o orgulho vão.

Lanço-me ao nada sem contrariedade.

 

Meu corpo dado aos vermes. Pobre pão!

Sem Vida, sem Caminho, sem Verdade,

Sem recompensa de Ressurreição.

 

Fernando Antônio Belino Sete Lagoas MG

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 10/06/2024
Código do texto: T8082751
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