MEU LUGAR É VAHALA

CAPÍTULO I – INFARTO

Grande notícia eu recebi. Teremos guerra. Para ela parto

Nem cheguei ao local de batalha e sinto já dores no peito.

Minhas vistas escurecem. O chão recebe meu corpo farto.

sem mim, o meu cavalo saiu em disparada; não teve jeito.

Alguns minutos após volto a enxergar, todavia perco a fala.

A razão de ficar sem voz é porque vi quem eu tanto temia.

Não me leve! Helheim não é o meu lugar, mas sim Vahala.

Guerreiro, você não morreu lutando, embora bravamente ia

Para o campo de batalha. Você teve um infarto fulminante.

Logo, você agora é meu. Vai à minha morada sem pestanejar.

Se morresse guerreando, eu não estaria aqui nesse instante

mas sim as Valquírias e o seu destino seria, com certeza, o Vahala.

Só que você, guerreiro, morreu de forma natural, sem guerrear.

Deixe de lado o choramingo e venha. Helheim é a sua real escala.

CAPÍTULO II – HELHEIM

Melhore a cara! O que sabe sobre Helheim, guerreiro de combate?

Fale tudo aquilo que sabe, o que não souber, claro que completo!

Prum leigo, Helheim é o próprio inferno. Pensar assim é disparate!

Helheim é a residência dos mortos. Este é o conceito mais correto.

Helheim tem nove níveis para receber os tem aqui seu destino final.

A ida à esses níveis depende de como foi a vida que o morto levou.

Há seções de Helheim lindas, paradisíacas; fogem o padrão normal.

Nesses lugares fica só a pessoa boa que pela guerra não passou.

Há locais do Helheim que são tétricos, sombrios, frios por demais.

Para esses locais vão os assassinos, os malvados, os estupradores...

Todo ser de conduta ruim, que pratica a maldade mais e mais...

Vem pra cá também vítimas letais de doença, velhice, assassinados.

A maior parte de Helheim é bem gelado e escuro, ausente de cores.

Hella, sua morada tem como antonomásia a casa dos desonrados.

CAPÍTULO III – COMPLETANDO INFORMAÇÃO

Agora entendi sua tristeza, guerreiro. Está se sentindo depreciado.

A honra maior de um Viking é lutar pelos seus deuses ou um ideal.

Morrendo por esses valores numa luta, será pra sempre respeitado.

Mas você morreu de infarto; portanto, sua querida Vahala, babau!

Guerreiro, escapar daqui, de Hellheim, nenhum ser conseguiu não.

Você não disse que no dia do Ragnarok (juízo final), eu vou liberar

aquelas almas que vão se integrar ao exército de meu pai aldravão.

Eu sou uma deusa invencível. Nem os deuses ousam me enfrentar.

Ninguém tem culpa de que as Nornas cortaram o seu fio da vida.

As três anciãs, agente de nossa sina, não viram que faltava pouco

pra você lutar. Caso morresse, ia pra Vahala, sua cobiça preferida.

Não ha culpados. As três Nornas apenas fizeram o trabalho delas.

Acate o que o destino lhe reservou. Assim, você sequer ficará louco.

Ficará num lugar bom, mas se eu mudar de ideia é que serão elas.

CAPÍTULO IV – A DONA DO HELHEIM

Valeu, guerreiro! Sobre Helheim você se saiu bem. E sobre mim?!

Você é a deusa mor do reino dos mortos. Seu nome é Hel ou Hela.

É filha de Loki, o deus da trapaça, e da giganta Angrboda. Ah, sim!

Foi banida para cá devido sua aparência física, meia feia, meia bela.

Metade de mulher bela, a outra metade de cadáver em putrefação.

O cheiro da parte podre leva os deuses pedir de Asgard sua saída.

Odin mandou-a para cá. Amou tanto aqui que por grande gratidão

Deu a Odin dois corvos. Serão sinais de Asgard com reinos da vida.

Você é uma deusa justa. Não é perniciosa e nem tampouco boa.

Trata com carinho quem morreu e tinha um caráter muito bom.

Todavia as más durante suas vidas, você, deusa Hela, não perdoa.

Trata-os com maldades dignas delas e mais adendo. Elas penam!

Quem a enfrenta em Helheim é vencido na certa. Fale em alto som:

Aqui eu sou invencível. Vir pra cá os deuses de Asgard não acenam.

CAPÍTULO V – O LAR DE HELLA

O guerreiro, não falou do meu lar! Não sabe? Dou-lhe a descrição.

Meu castelo tem paredes feitas de aflição e as portas de precipício.

Meus criados são atraso e vagareza. A cama é feita de apreensão,

a mesa é de fome, a faca de fraqueza. Mortal só me traz benefício.

Nada no homem desperdiço. Tudo para mim tem sua real utilidade.

Cuidando do meu reino existe um cão de quatro cabeças e gigante

Chamado Garm. O peito dele é manchado de sangue na totalidade.

Já disse tudo, guerreiro. Agora conhece sua nova morada bastante.

Lembro-o de duas coisas que disse: Sou justa e sair daqui é utopia.

Se eu o trouxe até a minha morada, significa que pratiquei justiça.

Não pense em fugir e esqueça a ilusão de morar em Vahala um dia.

Você só sairá de Helheim no dia do Ragnarok (dia do juízo final).

Nesse dia haverá dois exércitos num duelo final. Não há premissa.

Quem Sai de Helheim só pode ir às tropas de Loki, exército do mal.

CAPÍTULO VI – HÁ CASOS DE FUGA EM HELHEIM?

É novo aqui, guerreiro? Fique bem! Não é Vahala, mas é bom lugar.

Hela trata bem todos aqueles que foram bons em Midgard na vida,

já os que em Midgard (terra) foram de péssima índole, vão penar.

Irão para Niflheim. Terão aflições torvos jamais por alguém sentida.

Você não tem ar de covarde, logo não fugiu de nenhuma peleia.

Foi para o campo de batalha quando teve um infarto fulminante.

O que ocorreu comigo foi injustiça. Não fiz o que trago na veia.

Entrar numa luta e vencer o meu oponente de forma humilhante.

Não há como fugir de Helheim. Hela me afirmou. Falou a verdade?

E você, meu colega, confirma ou Hela blefou? Diga-me, por favor!

Quero sair daqui. Não sei como, mas quero mudar minha realidade.

Humano fugir daqui é impossível! Odin entrou aqui só uma vez.

Saiu. Ele é deus maior. Tire tal ideia da cuca, guerreiro, sem pudor.

Aceite o seu destino irrevogável e habite em Heiheim com altivez.

CAPÍTULO VII– QUERO O GUERREIRO

O deus maior da mitologia nórdica tem dois corvos como olheiros.

Eles eram soltos de manhã, viam tudo que se passava durante o dia

nos nove mundos da crença nórdica Chegavam no jantar, faceiros,

contavam tudo ao pousarem no ombro do deus Odin. Quem diria...

Há um guerreiro em Helheim. Não quer ficar lá. Quer vir pra Vahala.

Odin, será de muito valia na hora o Ragnarok (o dia do juízo final).

É valente, briga bem, usa as armas com precisão, é ótimo na fala;

resistente à dor, honesto, perspicaz, inteligente, líder, forte e leal.

Corvos, se é tudo isso, está no local errado. Teve morte precoce.

Está revoltado lá. Loki não sabe da existência dele, quando souber...

Sei corvos, colará no guerreiro. Da vilania o combatente terá posse.

Como tirá-lo de lá? Não consegui fazer isso com Balder, meu filho!

Só vejo uma saída: conversar com Hela e não a deixar o não dizer.

O exército de Loki se tornando forte, será um terrível empecilho.

CAPÍTULO VIII– RAGNAROK

Hela, quero falar com você. Não falarei do meu filho novamente.

Odin, Meu pai não enganou Balder pra que seu filho estivesse aqui.

Dei uma condição pra Balder sair de Helheim não foi, infelizmente,

Cumprida. A humanidade toda não chorou a morte dele. Um, eu vi,

Indiferente. Este humano insensível não era o meu pai disfarçado.

Suas razões pra defender seu filho não foram coesas; jamais serão.

Balder ficará aqui, até o momento do Ragnarok e papo encerrado.

Hella, o ragnarok é o dia apocalíptico. O bem e o mal se duelarão.

Um exército do mal liderado pelo seu pai, Loki, e do bem por mim.

Você liberará as almas de Helheim pra exército de seu pai ingressar.

outros deuses do mal de Loki aliarão. Brigar, você não estará afim.

Se reclusará. Fora Helheim, os demais mundos ficarão em combate.

Odin, com esse papo sobre Ragnarok, onde mesmo quer chegar?

Se não é Balder, seu filho, quem você quer pôr mesmo em debate?

CAPÍTULO IX – INTERCEDENDO PELO GUERREIRO

Hela, os corvos me contaram: em Helheim há um bravo guerreiro;

Ele não quer ficar e sim ir à Vahala. Gostaria de pedir para levá-lo?!

Não criei as regras! Não morreu lutando. Teve um infarto primeiro.

Querer é uma coisa, poder é outra. No infarto, caiu até do cavalo.

Hela, no Ragnarok, o exército de seu pai sofrerá duas perdas então.

Odin, de onde você está tirando uma ideia tão estapafúrdia dessa!

Hela, ao liberar almas pro Ragnarok, Balder e guerreiro a mim virão.

Ele já lhe disse isso! Já Balder não me trairá, é meu filho, ora essa!

Vocês acham que o fará mudar de lado com tempo. Que inocência!

Se o guerreiro vive infeliz em Helheim, é porque ele é crente a mim

Em momento algum o guerreiro temeu você e nem sua aparência.

Exijo que o guerreiro me tema e acate o fado que lhe fora traçado.

Se ele e Balder forem ao seu exército, são traidores; simples assim.

Vá cuidar do seu mundo e me deixa cuidar do meu. Combinado?

CAPÍTULO X – UM ACORDO

Antes de ir, Hela, quero lhe fazer um acordo. Se pensar, dirá sim.

O guerreiro não se unirá a Loki. Pro seu pai, será desnecessário

Esse acordo deverá ser aceito por você, pelo guerreiro e por mim.

Nele, o guerreiro se reencarnará...Odin, que pensamento ordinário!

Se aceito haverá precedentes. E os que finaram igual ao guerreiro?

Voltarão a vida novamente? Hela, os outros ficaram contra Loki?

Creio que não. Deixe-o voltar, ser mortal no momento derradeiro.

Livra-o do infarto. Põe-no na arena da batalha. Em nada troque.

O guerreiro no combate, deixa-o agir por conta dele. Não Interfira.

Se morrer na contenda, Vahala. Ignore a presença dele em Heiheim.

Vitorioso na peleja, que o bravo guerreiro um novo infarto adquira.

Aí ficará de vez em Helheim sem choradeira e será meu adversário.

Com isso que ele aceitará que a justiça lhe fora feita. Hela, dai-me,

uma razão pra dizer que o acordo não é justo? Ele é extraordinário!

CAPÍTULO XI – ACEITA O ACORDO?

Guerreiro, com o sim das Nornas e meu, exporei o pacto de Odin.

Que pacto? Não me falaram nada? Nem o próprio deus supremo!

Guerreiro, vou ser direta. Mostro-lhe o acordo, você diz não ou sim.

Odin soube de você e, por morar aqui, ter um desagrado extremo.

Odin quer você em Vahala; Loki quando souber o quererá também.

Não em Vahala. Por eu ser justa, Odin me fez a seguinte proposta:

Reencarna o guerreiro, ele peleia lá bravamente e me escuta bem:

Morra na luta vai à Vahala e realiza aquilo que você acha que gosta.

Saindo da batalha vivo, o infarto sofrido volta para você, meu caro.

Retornando -o pra Helheim esquece de uma vez que Vahala existe;

e no Ragnarok, aliará ao meu pai e não ao deus Odin. Eu fui claro?!

Eu entendi bem? Em relação à minha morte vocês não abrem mão.

O tema é meu óbito. Morro como herói, Vahala ou de forma triste,

pelo infarto que me trará de vez pra cá. Exato! Qual é a sua opção?

CAPÍTULO XII – SENTIMENTO DE TRAIÇÃO

Absurdo! traído pela filha! Era para eu saber a novidade primeiro,

Porém contaram pra Odin. Como ele soube disso não me interessa.

Hela, minha filha, dona de Helheim., podia ter me dito do guerreiro.

Não é um soldado comum, é um dos melhores. Devo agir depressa.

O guerreiro não quer ficar em Helheim. Preciso mudá-lo de ideia.

Será de grande valia no meu exército. RagnaroK que nos aguarde!

Claro, Odin quer o guerreiro também. O que minha intuição receia

é que Odin já executa um plano para ficar com o guerreiro. Arde

Como brasa à mente um plano para enganar os três de uma vez só.

O que Odin e Hela combinaram? O guerreiro já está do lado deles?

Se sondá-los o que conversaram, na certa não darão ponto sem nó.

Hum! Vou me transmutar no cão das trevas e me achegar de Hela.

Assim quando Odin reaver Hela e o guerreiro, porei o ouvido neles.

Com papos deles bem ouvidos, serei conhecedor de toda esparrela

CAPÍTULO XII – SIM PARA O ACORDO

Odin, o guerreiro já sabe do acordo. Agora ele dará o seu veredito.

Sabe que a morte dele é irrevogável. A questão é de como morrerá.

Não é dado a ele o direito de indagar, julgar se é bom ou maldito.

Compete ao guerreiro aceitar ou não o nosso acordo. Duvidas há?!

Já entendi, Hela! Helheim, se morro de modo comum, pelo infarto.

Vahala, se eu morrer como corajoso guerreiro e virando um herói.

Deuses, minha resposta é sim. Quando pra Midgard (terra)eu parto.

Garm, que faz aqui? Volte ao seu posto! Seu olhar não me condói.

Engraçado! Este cachorro nunca fez isto. Que coisa mais esquisita!

Amanhã você sai do chão e volta com vida para o seu belo alazão.

Legal! Amanhã volto guerrear. Guerra, não existe coisa mais bonita!

Garm, você ainda aqui! Já! Volte imediatamente para o seu lugar!

Mal passou a porta do castelo de Hela, Garm volta a ser Loki então.

Guerreiro... lute tranquilo amanhã. Não deixarei ninguém lhe matar.

CAPÍTULO XIII – DE VOLTA A CONSCIÊNCIA

O que houve? Lembro de uma forte dor no peito e tudo escureceu.

Agora estou no chão. o cavalo parado, esperando que eu monte.

Eu Tive um desmaio, é fato. Estou bem. A dor sentida desapareceu.

Levanto-me. Percebo que não quebrei nada. Passo a mão na fronte.

Há um calombo. Tocá-la, até dói. isso não é nada pra um guerreiro.

Meus amigos vão caçoar de mim por essa bobagem (o calombo).

Nem posso contá-los que caí do cavalo. Serei zoado o mês inteiro.

Contarei uma mentira pra amenizar a zombaria que terei no lombo.

Futuras galhofas e o calombo de hoje. Foram estes meus prejuízos.

Pronto para entrar na guerra. Subo no cavalo rumo ao meu destino.

Tive várias batalhas. A próxima sempre é mais excitante. Improvisos

Sempre têm, apesar de uma estratégia e logística bem elaboradas.

Lido com isso através de uma intuição aguçada. Qualquer desatino

que surja, eu estou atento. Foram muitas guerras por mim lutadas.

CAPÍTULO XIV – A BATALHA

Uno-me ao exército. Nem preciso falar da zombaria a mim dirigida.

Fomos para o campo de batalha. Abato os que vem à minha frente.

Topo em algo que parecia ser canela. Ao abaixar, salvo minha vida.

Um rival joga a lança em direção às minhas costas traiçoeiramente

.

Não me acertou. O lançador veio a mim, bufando como um animal.

Não temo cara feia, caso contrário, eu não me olharia no espelho.

Atracamo-nos ferozmente. Era empate técnico até meu golpe fatal.

Pego a faca do meu rival e na hora dele escorre o sangue vermelho.

Passei-a na jugular dele. Vou atrás de mais um forte adversário.

Esse manda no exército inimigo. É do meu nível. Digo sem receio.

Não pela patente; sou soldado, mas como luta e ser sanguinário.

Subestimei-o. Sua técnica em combate é muito superior à minha.

Os golpes que dei, livrou-se. Os que me deu, atingiu-me em cheio.

Vestindo-me de veste sanguínea, meu opositor me diz: é ladainha!

CAPÍTULO XV – LOKI, O DEUS DA TRAPAÇA

Pensei que era um rival do meu gabarito! Não deu nem para o café.

Guerreiro, sua fama de lutador é farsa! Ladainha! Que azar tenho!

Pensei que apuraria minhas técnicas de lutas! Quanta ilusão, não é?

Venci você, guerreiro! Que faço? Conto-lhe um segredo que tenho!

Não sou o comandante e sim o deus Loki. Para Vahala você não vai.

Vou desfalecê-lo, pedir ao exército, que é seu inimigo, deixar a luta.

Nesta guerra só há um vencedor: eu. De Helheim você não mais sai.

O acordo que fez com Hela, Odin e Nornas é minha glória absoluta.

Quando exército inimigo seu chegar no acampamento deles, lá sim,

Deixarei o corpo deste comandante. Ele não lembrará que o possuí.

Com nossa saída, os soldados da sua tropa não lhe deixarão assim.

Virão acudi-lo. sentirão vitorioso por ter expulsado a inimiga tropa.

Você saindo campo de guerra, terá seu merecido infarto. Depois, aí,

você já sabe, guerreiro. Hellheim, afinal, lhe virá de vento em popa.

CAPÍTULO XVI – RETORNANDO AO HELHEIM

Novo infarto. De volta ao Helheim. Está mais revoltado que triste.

Era pra estar em Vahala. Loki me impediu de estar onde eu queria.

impossibilitou que eu morresse duas vezes. A primeira vez consiste

em por sua canela para eu tropicar. A lança em cheio me acertaria.

Segunda vez foi quando me derrotou na luta corporal na batalha.

Poderia ter matado. Só perdi, pois Loki é deus e eu, simples mortal.

o pesadelo passei a ter quando ele me deixou vivo. O deus canalha,

por maldade, traz-me em definitivo, pra o Helheim de forma ilegal.

Como dizer à dona de Helheim que só voltei pelo dolo do pai dela?

De gente, só eu sei que comandante não era comandante de fato?

Não tenho prova. Será minha palavra contra palavra do pai de Hela.

Se provo o que tenho direito será que eu terei uma outra chance?

Acho que não! Uma chance faria de mim um privilegiado. Relato.

que cumprirei o acordo. Que meu sonho com Vahala desmanche.

CAPÍTULO XVII – NÃO CRENDO NOS PORQUES

O senhor lutou bem, como criatura, ou melhor um deus invencível.

O guerreiro já derrotado e indefeso. Uma facada findaria o serviço.

Comandante, por que matou o guerreiro? Teve uma chance incrível.

Esse guerreiro é o melhor do exército viking. O senhor sabia disso?

Outra coisa que não entendi. Pediu-nos para bater em debandada

Com a vitória nas mãos. Em poucas horas o inimigo seria dizimado.

Não sabemos o porquê da sua ordem incoerente, mas foi acatada.

Ficamos com o sabor da vitória não concluída. Que troço enjoado!

Que história estapafúrdia é essa! Quer que eu lhe dê voz de prisão?

Se continuar dizendo essas inverdades é isso que lhe vai acontecer!

Comandante, pode indagar qualquer soldado. Ele me dará razão.

Convocarei outro soldado como você me sugeriu. Questioná-lo-ei.

Sendo falso o que disse, soldado, troco a punição. Você vai morrer,

não mais será preso. Comandante, afirmo: é verdade tudo que falei.

CAPÍTULO XVIII – O SOLDADO NÃO MENTIU

Soldado, relate-me tudo que ocorreu ontem no campo de batalha.

Comandante, o senhor venceu o melhor militar do exército inimigo.

Mandou que saíssemos da guerra, mesmo vencendo... é uma falha!

Sim, comandante. O senhor cometeu uma outra. Digo ou não digo?

Diga, soldado. O senhor não matou o melhor guerreiro adversário.

Teve tudo a seu favor para mandá-lo pra Vahala, todavia não o fez.

A morte desse guerreiro debilitaria a tropa inimiga. Num cenário

com tudo favorável a nós, saímos bizarramente da guerra de vez.

É tudo verdade o que o seu colega que saiu daqui veio me contar!

Torcia pra que seu antecessor estivesse completamente enganado.

Infelizmente você confirma tudo o que ele acabara de me relatar.

Diacho! Não lembro de nada! Só lembro de ir à guerra, mais nada!

Não estou doido! Então por que agi assim de modo inadequado?

Minha aparência física estava normal? Sim, comandante, inalterada.

CAPÍTULO XIX – ORÁCULO AO DEUS ODIN

Oh, Odin, deus supremo e da guerra, careço de ter uma consulta.

Ocorreram comigo coisas ilógicas na última guerra que participei.

Foram fatos tão absurdos que minha boa reputação militar insulta

A única resposta ao ocorrido é uma ação divina. Quem? Não sei!

Odin, dei ordem ao meu exército sair da guerra com vitória na mão.

Deixei de mandar pra aí um o melhor soldado do exército inimigo.

O pior, não lembro cometer tais atitudes insanas. Tive um apagão.

Lembro de ir pra guerra e depois estar no acampamento. Comigo

Trago estas questões: teve ingerência divina? Se sim, de qual deus?

Por que o deus interventor não queria o exército inimigo dizimado?

Por que esse deus não queria o guerreiro morto? E os brios meus?

Por que, Odin, eu fui escolhido para fazer o que não é racional?

Não fiz nada para ofender quaisquer deuses. Estou equivocado?

Se cometi inconsciente uma blasfêmia, como reparar esse mau?

CAPÍTULO XX – RESPOSTAS DE ODIN

Comandante, conosco, você não praticou nenhuma transgressão.

A sua pessoa para praticar as insensatezes é devido sua autoridade.

Acabar com a tropa rival, levá-lo-ia dar fim ao guerreiro. Podia não.

Algum deus interveio na guerra? sim e suspeito de uma divindade:

Loki. Você, comandante, foi trapaceado. Por isso a vitória lhe fugiu.

O guerreiro que você não matou é cobiçado por Loki e por mim.

No dia do Ragnarok, será bem útil em qualquer exército, concluiu.

Loki deve ter possuído o seu corpo, fazendo-o agir ilógico, enfim.

Comandante, temos que reaver seu respeito aos seus comandados.

Os meus corvos mostrarão que você não era aquele comandante.

Eles vão ao campo de batalha e trarão alguns objetos lá deixados.

Com certeza, esse deus interventor deixa lá algo de cunho pessoal.

Não porque quis ou intencional e sim distraiu. Tal ato é constante.

Diante de tal álibi, sua insanidade será justificada para todos afinal.

CAPÍTULO XX I– SARCASMO DE HELLA

Guerreiro, você por aqui?! Eu pensei que já estivesse lá em Vahala.

Hela, por favor, não graceje de mim! vim pra cá pois fui trapaceado.

É mesmo! Está parecendo Odin, que sobre o filho dele, Balder, fala

que só veio para Helheim porque fora por meu pai, Loki, enganado.

Você também vai acusar sem prova o meu pai de tê-lo ludibriado?

Loki me disse não ser comandante. Ele falou isso na minha cara!

Guerreiro, você tem alguém que ouviu o comandante ter falado

que era Loki? Se não, pode ser tudo, menos Loki. Não é coisa rara

em batalha, o derrotado delirar, porque o corpo levou tanta surra,

ou foi ferido brutalmente que para livrar o vencido do sofrimento,

a mente dele leva-o à alucinação e a realidade para longe empurra.

Hela, estava bem consciente de tudo que acontecia ao meu redor.

Não tenho álibi. É minha a palavra contra a dele. Terá cumprimento

o acordo que fiz com você, as nornas e Odin, mesmo com dissabor.

CAPÍTULO XXII - A PALAVRA DE UM GUERREIRO

Qual é o dissabor que estou sentido, Hela? De ter sido injustiçado,

De estar num lugar que não seja e nunca fora cobiçado por mim.

De cumprir um acordo cujo o teor na sua realização fora forjado.

Não tendo como provar a má fé, eu terei que cumpri-lo até o fim.

Um guerreiro da minha estirpe, nunca voltará sua palavra atrás.

Mesmo que eu arque com todo prejuízo e em todos os sentidos.

Essa é a última vez que me ouvirá queixando em morar aqui. Traz

no acordo um item: que eu não queixe, apesar dos pesares doídos.

Fingirei que aqui é meu lugar favorito e Vahala não é pro meu bico.

Alistar-me -ei na tropa de Loki no dia do Ragnarok e a ele serei fiel.

Os deuses nórdicos serão os meus inimigos e a fé neles, eu abdico.

Fique tranquila, Hela, porque hoje será meu último dia de lamúrias.

Aguardarei o dia do Ragnarok chegar e mostrarei o meu lado cruel,

Eliminarei os deuses de Asgard com todas minhas mordazes fúrias!

CAPÍTULO XXIII – A VISITA DO ALGOZ

O que minha filha me contou sobre você deixou-me bastante feliz.

Disse-me que você resolveu calçar de vez a sandália da humildade.

Pra mim, Hela usou este eufemismo, mas serei claro no que me diz.

Você, até que enfim, se pôs no seu lugar pela minha superioridade.

Por ser cabeça dura, eu tive que entrar no corpo do comandante

da tropa inimiga sua. Venci você, pra que deixasse de ser topetudo.

Agora está aí, com a cara e o discurso de que está bem e confiante.

Você é meu! Lutará ao meu lado! Se sair de Helheim, farei de tudo

Para trazê-lo de volta. Trapacearei de novo. Direi qual é a sua sorte.

Você não é um mero soldado e sim um extraordinário combatente.

Nisso é que resume a sua valia de fato, mesmo depois da morte.

Cumpra o acordo e o deixo em paz. Eu não lhe dei o tiro no pé.

A ideia do acordo foi do Odin, quem você quer servir fielmente.

Nós sabemos o que houve na guerra. O acordo, foi seu contrapé.

CAPÍTULO XXIV > PENÚLTIMO CAPÍTULO – MEUS ÁLIBIS

Loki, reconhece essa adaga? Um dos corvos de Odin me entregou.

Fora encontrada próximo do campo de batalha. sabe de quem é?

Isso não quer dizer nada! A adaga é minha, como você insinuou.

Aposto que está com a adaga do comandante. Coincidência, né?

Encontrou o comandante onde pra roubar a adaga e torná-la sua?

Pare com sua insolência, Guerreiro! Ponha-se no seu lugar! Não sou

um dos seus comandados! Devo receber obediência por parte sua.

venci-o na guerra para trazê-lo aqui, boas maneiras ensiná-lo vou.

Deusa Hela, saia do esconderijo! Já tem as provas de que necessito.

Filha, você de novo contra o seu pai?! Onde está seu o amor filial?

O guerreiro forja provas pra sair daqui. Vai liberá-lo? Não acredito!

Pai, o guerreiro cumpriu o acordo, mesmo ele sendo engabelado.

Como vai negar o que disse? Participou da guerra sim, ponto final.

Seu logro desobriga o guerreiro descumprir o acordo apalavrado

CAPÍTULO XXV > ÚLTIMO CAPÍTULO - ADEUS HELHEIM

A casa é sua e a decisão idem, como lhe conheço, não vou insistir.

Guerreiro, no Ragnarok, vou exterminá-lo primeiro, depois Odin.

Aproveite sua estadia em Vahala, pois ao sair de lá vou lhe afligir,

tanto que você engolirá os desaforos e tudo que disse para mim.

Não vou perder meu precioso tempo com um ser tão desprezível!

Vá minha filha, contradiga seu pai! Libere esse soldado meia tigela!

Guerreiro, cumpra o que meu pai disse. Vá agora para outro nível.

Ao sair, verá as Valquírias. Irá para Vahala. Odin deu-lhe a chancela.

Hela, obrigado. Perdoa- me por não querer ficar na sua morada.

Meu lugar é Vahala. Cumpra-se, por favor, a lei da minha religião.

Eu tenho a suspeita de que a minha morte foi por Loki planejada.

Enganou as Nornas. Deu-me infarto, tirou-me antes de ir à batalha.

Deixa! Sobre o leite que fora derramado, chorar adiantará mais não.

Pra você, Loki, no dia do Ragnarok, cobri-lo-ei com uma mortalha.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 10/06/2024
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