DIRCE (DE CIRCE)

CAPÍTULO I – ALGUÉM ME AJUDE!

Soldados, tem alguém desesperado saindo da floresta.

e está vindo em nossa direção com o lobo atrás bem feroz.

Soldados, fiquem atentos. Cada um põem as flechas na besta,

assim que tiver no alvo, abatem sem dó aquele animal atroz.

Por Zeus! A caça do bicho fera é uma mulher, uma bela dama.

Soldados, mudança no plano. Vão ao encontro desta senhora.

Protegem-na. Bestas cospem flechas. o sangue do lobo derrama.

bem fraco, no chão, o animal obtém a flecha de misericórdia agora.

Perante aquele que dera ordem de matar o lobo, a dama ajoelha.

Majestade, foram os deuses que o mandaram vir me proteger.

Obrigada! Não tive o fim do meu marido. Devorado como ovelha...

Sem terminar a frase, a mulher põe as mãos trêmulas no rosto.

Chora copiosamente. soluça muito. Sem controle, veio esvaecer.

um médico já. Voltando a razão, avisa-me. Ouvi-la estarei disposto.

CAPÍTULO II – ESTUPEFATO

Soldado, o lobo que matamos, está ainda lá ou retirado da estrada

Não sei lhe informar, majestade! Se consentir, eu mesmo verificarei.

o cadáver estando lá, faça uma cova e o enterre. Concessão dada.

Cumprido o dever, volte para sua vida militar. Sim, senhor, meu rei.

o soldado fica bem surpreso ao ver um grupo de gente lá no local.

Um homem sai do grupo e se encontra com soldado. Curiosidade!

Por que o rei mandou matar aquele homem de modo tão brutal?

Que homem? Ali deveria ter um cadáver de um lobo! Verdade!

Veja com seus próprios olhos. Se ainda duvidar, toque no defunto!

O soldado vê abismado as flechas reais das pela besta no falecido.

Alguém conhece o morto? Ninguém conhecia aquele presunto.

Gente, não minto! Há quatro horas, onde estamos, a guarda real

matamos à flechadas atiradas com as bestas um lobo enfurecido

que perseguia uma frágil dama. Não era um homem e sim animal!

CAPÍTULO III – LOBISOMEM ?

se o lobo que a guarda real matou virou gente, então é lobisomem!

As flechas atiradas não foram de prata. Não era noite de lua cheia.

Será que mudaram as leis divinas? Mais dúvidas me consomem.

Lobisomem tem alcateia? Ataca mulheres? Vivem perto de aldeia?

O quê ou quem mudou as leis do oculto? Alguma forte feitiçaria?

Fúrias dos deuses ou de um deus? Portal aberto acidentalmente?

Será que andaremos com medo também às claras, à luz do dia?

Não ficarei com essas dúvidas, elas têm que sair da minha mente.

O rei é bom, justo e sábio. Deverá saber essas indagações eliminar.

Se não souber, trar-nos-á alguém portadora de tal competência.

Levemos o morto ao castelo real. Sozinho não dou conta de levar.

Todos do castelo ficaram pávidos com aquilo que estavam vendo.

Um militar e seis plebeus segurando um cadáver. Que incoerência?

O rei é avisado e vai rapto ficar ciente de tudo que está ocorrendo

CAPÍTULO IV – O CADÁVER

Majestade, uma observação: não julgue o morto pela vestimenta.

A roupa foi doada por um plebeu. O cadáver estava totalmente nu.

Se nossa gente não sabe nada é porque ele é estrangeiro. Aviventa

em mim a ideia de buscar respostas nos reinos vizinhos sem rebu.

Meus emissários fixarão a aparência do morto e indagarão quem é.

Farão isso com discrição. Quem responder, fará com naturalidade.

Outros vão aos oráculos saberem das mudanças no campo da fé.

A dama que salvamos é estrangeira. será que ela sabe a verdade?

O cadáver terá a custódia de dois soldados e também de um mago.

se for algo vindo do mundo da magia, estaremos salvaguardados.

Rezemos aos deuses para que o reino não tenha nenhum estrago.

Diante desses planos já-já saberemos lhe dar com esse mistério.

Voltemos as nossas vidas. Tenho mais revés a serem solucionados.

A dama volta a si. Eu estou num castelo. Vou mudar de paradigma.

CAPÍTULO V - DIRCE

Senhora, o rei exige sua presença agora no salão real. Vem comigo.

Majestade, desculpa-me por meu comportamento hoje de manhã.

Entendo sua situação cara dama. Diga -me seu nome. Sim eu digo.

Eu sou Dirce, esposa de Nícolas, que os lobos devoraram com afã.

Somos da aldeia vizinha. Para chegar aqui passamos pela floresta,

É um bom atalho, o que encurtaria nosso tempo na árdua jornada.

Vieram fazer o quê no meu reino. A nossa meta era bem modesta.

Fazemos ouzo, licor a base de anis, com casca de uva fermentada.

É alcoólica e tem outros elementos, mas a base da bebida foi dita.

Se vossa majestade não tomou, está perdendo! Ela é um primor!

Eu não sei como e apesar do medo tenho que ir à floresta maldita.

Lá estão meus pertences e meus ingredientes para fazer a bebida.

Quando chegar a hora, avisa-me. Não terá o lobo como agressor.

Um pelotão a levará e você pegará o que é seu e voltará com vida.

CAPÍTULO VI – O CADÁVER

Senhora, há duas revelações a lhe fazer. Você ficará boquiaberta!

A primeira: o lobo que a perseguiu não é lobo e sim lobisomem.

Os lobos que devoraram o seu marido também. Agora, na certa,

vai indagar como sabemos. O lobo que matamos virou homem.

O cadáver que era de um lobo, transformou-se num ser humano.

Ao demudar, ficou nu. Logo, a roupa que veste agora foi doada,

por alguém da plebe. Julgá-lo pela roupa é passível de engano.

Segunda revelação: o morto está no porão do castelo. Assustada?

Desçamos. Talvez você possa identificá-lo e poupar nosso trabalho.

Meu rei, olhe bem. A roupa plebeia condiz com o corpo do finado?

Repare o corpo. o corte do cabelo, mãos sem calo, físico sem talho.

Não sei quem é o finado. Olha: dentes perfeitos, cabelos sedosos.

A carcaça é de um nobre. Seu título nobiliário carece ser detectado.

Certíssima, Cara dama. Seus detalhes foram precisos e minuciosos.

CAPÍTULO VII – BUSCANDO REPOUSAR

Majestade, estou dispensada? Hoje foi pesado e triste para mim.

Quero ir na floresta amanhã pegar meus trecos. Algum empecilho?

A senhora está livre. Quanto ir à floresta, tem minha permissão sim.

Uma tropa irá consigo. Acate as instruções do nosso oficial caudilho.

Majestade, de posse dos meus apetrechos, vou criar novos sabores.

Sua majestade provaria e me diria se achou uma delícia ou não?

Assim eu ficaria segura em lançar o produto e de ter consumidores.

O ouzo vendido, aliviar-me-ia. A morte de Nícolas não seria em vão.

Senhora, experimentar posso, eu só não posso ficar embriagado.

Tenho um povo para cuidar, caso ele precise de mim, estarei atento.

Sei da responsabilidade do seu cargo, majestade. Fique sossegado.

Como lhe disse, vou pro meu quarto. Precisando, pode me chamar.

Pode ir, amanhã o seu dia será puxado, espero que sem tormento.

Ao descansar, pedirei ao comandante para os soldados selecionar.

CAPÍTULO VIII – OS ANJOS REAIS

Majestade, posso saber quem é o jovem que o acompanha? Sim!

É um provador do rei. Ele experimenta tudo o que vou consumir,

logo não serei envenenado. Vossa Majestade pensou isso de mim?!

Que iria matá-lo? Matar quem me salvou do lobo! O que arguir?

Desculpa-me, majestade! Estou muito decepcionada! Eu assassina...

Queria a honra de tê-lo meu provador dos novos sabores do ouzo.

De onde Sua Majestade tirou a ideia de que eu desejo a sua ruína?

Senhora, peço-lhe que dê para as suas palavras um breve repouso.

Entenda: é mero procedimento de praxe na vida de um soberano.

se vou num lugar, vão pessoas à minha frente ver se não há cilada.

Ao ganhar presente, sempre alguém irá abri-lo. É o meu cotidiano.

Está bem, majestade. Aceito seus argumentos, mas fico de pé atrás.

Só eu opinarei nos novos sabores do ouzo. O provador dirá nada.

Sei que a Senhora é uma pessoa proba. De fazer o mal não é capaz.

CAPÍTULO IX– ZOOMORFIZAÇÃO

O provedor do rei bebeu a primeira dose do ouzo com novo sabor.

Ficou normal, sem fazer careta, sem babar, vômito, dor abdominal.

O rei provou também a bebida deliciosa. Tinha qualidade superior.

A Dirce fez oito novos sabores. O rei degustou todos. Sensacional!

Vossa Majestade quer surpresa? O senhor e o provedor terão uma!

Daqui três minutos vocês as receberão. O que me deixará bem feliz.

Senhora Dirce, seja mais exata, porque não entendi coisa alguma.

Não precisa, majestade! Apenas sinta a mudança da nova diretriz.

Após três minutos, o rei e o provador passam a sentir fortes dores.

São tão intensas que os dois se jogam e começam rolar pelo chão;

nos corpos deles surgem pelos, patas, bigodes e aguçados odores...

O rei transmudou-se num leão. O provador virou um gato egeu.

O provedor só testou. O rei bebeu generosas doses sem perdão.

Foi a Dirce que olhando para os dois animais essa explicação deu.

CAPÍTULO X– A IRA DE CIRCE

Assustado com que aconteceu, os bichos saem dali rapidamente.

O gato ganhou as ruas. O leão, a floresta; para ele não ser caçado.

Apesar de eles virarem felinos, as suas mentes continuam de gente.

Deusa Circe, sua serva solicita sua presença. O plano foi executado.

Minha sacerdotisa preferida! Vim para atender sua humilde oração.

As poções mágicas, disse que era ouzo, o rei, seu desafeto, tomou.

Quase tudo deu errado. O rei trouxe um provador do reino. Eu não

temi. Por ingerir as poções, o provedor virou gato, o rei, leão virou..

Esqueça o provedor. Eu tenho contas acertar mesmo é com o rei.

Na guerra do reino dele em Creta, esse ignóbil matou o meu amor,

comandante da tropa inimiga desse pulha real. Sabendo disso, jurei

vingar a morte do meu belo amante. Minha cólera criou esse plano.

Quem o realizaria? Então Pensei logo em você, minha preferida. Por

em seus ombros esse dever. Boa opção, você não cometeu engano.

CAPÍTULO XI – A SACERDOTISA

Minha sacerdotisa, o rei virou leão, mas está vivo. Quero-o morto.

Ache um caçador que matará e trará a pele do leo pra você me dar.

Essa aljava contém flechas mágicas. Você terá no peito desconforto

quando morrer o leão-rei. Diga ao caçador para essas flechas usar.

Nas pontas de cada flechas ungi-as com minhas poções especiais.

Caçador não quer usá-las, induza-o. Você teve aperto no coração,

Reze pedindo minha presença. Leão morto, vem seu prêmio e mais.

Vai morar comigo e será castigado todo homem que lhe disser não.

Seja quem for. Obteve não masculino, considera-o pobre coitado.

Terá minha ira e punição sem dó. Pedir-me-á para lhe tirar a vida.

Parto. Avisa-me o mais rápido possível: morreu o rei desgraçado.

Só, a sacerdotisa, ou melhor, Dirce, volta alegre ao seu aposento.

Que mulher não queria ter o homem que quiser para si? ô vida!

Amanhã procuro caçador pra tirar minha deusa desse livramento.

CAPÍTULO XII – LEÃO MORTO

Ali está o leão. A senhora Dirce quer a pele da fera. Há um dilema.

Ela me convenceu trazer essas flechas para matar o feroz animal.

Mas, se usar as flechas, estrago a pele do leão de forma extrema.

No mínimo usarei mais de uma flecha para matar esse ser bestial.

Pele toda furada não tem serventia nenhuma. Não dá para fazer

casaco, roupa, tapete, enfim, nada. Sou profissional e não amador.

A senhora Dirce que me perdoe. O pedido dela vou desobedecer.

Matarei o leão, mas deixarei a pele intacta. Faço a ela esse favor.

Farei a armadilha e nela prenderei o rei dos animais. Em seguida,

com zarabatana, injeto um veneno mortal. Alguns segundos, já era.

Leão morto. Trabalho feito. Recebo dinheiro e me descanso da lida.

Vamos para prática. Antes do pôr do sol entrego o cadáver leonino.

Maravilha! Deu tudo certo! está nos braços de Hades a besta fera.

Senhora Dirce, estou chegando com a pele intacta do nobre felino.

CAPÍTULO XIII – ENRASCADA

Senhora Dirce, eis a pele do animal que me pediu. Aqui as flechas.

O senhor não as usou. Não cumpriu sua palavra, eu não o pagarei.

Ahn! Não me pagará? Matei o leão, trouxe-lhe a pele. Sem pechas.

Quer me dá calote? Não me dirijo mais a Senhora. Só com o rei!

O rei não está! Não precisa falar com ele. Eu lhe pago, seu tratante.

Tivesse dom devolvia a pele, a vida e poria o leão atrás da senhora.

Eu só não a faço engolir o que me disse por ser mulher e delirante.

Fique com a pele como esmola! Recuso seu dinheiro. Vou embora.

Estou encrencada. Não sei se o leão morto seria o rei. Como saber?

O caçador não utilizou as flechas mágicas. Quanta incompetência!

Vigiarei as horas. Sendo pele do leão-rei, pele humana voltará ser.

Se a pele for mesmo de um leão comum, ela ficará sem mudança.

Nesse caso, terei que voltar sozinha à floresta e sanar a pendência.

Quem quer vai, quem não quer manda. Eu sei isso deste de criança.

CAPÍTULO XIV– DEUS PÃ

O que fizeram com esse leão foi covardia. É coisa do ser humano.

Matou-o para tirar só a pele. Quem será o autor desta atrocidade?

Estranho! Um leão fugindo de mim como um assustado bichano!

Sou o deus Pã, deus dos animais selvagens, florestas. Insanidade!

Para um leão agir assim, significa que ele não é um leão de fato.

Deve ser um mortal transfigurado. Tal castigo foi obra de quem?

Virarei um leão. Teremos mesma linguagem. Assim terei um relato.

Meu novo amigo, fale comigo. Saia do covil. Aqui não há ninguém.

Vivo aqui há anos. Eu nunca o vi. É novo aqui? Que o faz fugitivo?

Soube de um leão que assassinaram? Tiraram-lhe a pele inteirinha!

Se deus Pã não sabe disso, temos que comunica-lo. Algo punitivo

Aos homens anseio. Pã é nosso real protetor. Realizará esse desejo.

Vi deus Pã. Logo fugi. Ninguém crerá em mim. Farão até piadinha.

Amigo, conte-me tudo. Quero ouvi-lo. Exporá algo ilógico, prevejo.

CAPÍTULO XV– OUVIDOS AMIGOS

Sei que você vai me considerar um louco, mesmo assim vou contar.

Sou um ser humano. Virei leão por um encantamento ou bruxaria.

Salvei uma donzela perseguida por um lobo que a queria devorar.

Levei-a para meu castelo e dei a ela toda proteção que precisaria.

A donzela era produtora de ouzo e estava fazendo novos sabores.

Ela insistiu para eu experimentá-los, aceitei por pura etiqueta real.

Fui com um provador do reino. Sorvemos poucas doses dos licores.

Minutos depois, deixamos de ser gente. Cada um virou um animal.

O provador virou gato egeu e eu, leão. A donzela com maldade,

mostrou-nos num espelho nossas novas formas. Fugimos pirados.

Aliás, doido estou até hoje e sem ter saída à minha triste realidade.

Meu novo amigo, acredito que eu sei quem fez isso com você.

É quem mandou despelar o leão. Age pelos seus comandados.

Diga-me quem lhe fez isso e garanto que entenderá o porquê.

DIRCE (DE CIRCE) – CAPÍTULO XVI – TOMANDO CONSCIÊNCIA

A mulher que me deu novos sabores de ouzo para provar é Circe.

Para livrá-la do lobo, matei a terrível fera que depois virou gente.

Meu novo amigo, o lobo que matou foi uma vítima da deusa Circe.

Você não bebeu ouzo, mas poção da cleriga de Circe. Eis a verdade.

O nome Dirce é de fato um trocadilho à deusa dela de devoção.

Algum motivo levou a Circe se vingar de você, meu novo amigo.

Há algo que você fez e a Circe não gostou? Que eu saiba, não!

Matou algum bicho ou pessoa nesse ínterim? Pense aí consigo...

Há tempos que não caço. Recentemente eu estive numa luta,

e lá matei um general da tropa inimiga. Sem opção. Era eu ou ele.

O lobo que você matou era mais uma contenda da deusa. Escuta,

Se morou no castelo, brigou com general; logo, você é um nobre.

Sim. Antes de virar leão, era um honesto e corajoso rei. Pã, sele

comigo um acordo? Ajuda-me voltar a ser gente e depois cobre.

CAPÍTULO XVII –QUERO UMA FLAUTA DE PURO OURO BRANCO

Tem certeza do que fala? Caso vire gente, dar-lhe-ei o meu preço.

Pã, eu repito: você me concedendo a graça, pago-lhe o que quiser.

Meu novo amigo, o favor custará uma flauta de ouro. Eu a mereço.

Uma flauta em ouro maciço com sua imagem gravada você vai ter.

Deixo-lhe minha flauta de modelo. Faça uma igual, só que de ouro.

Correto Tem a minha palavra. Vamos pôr a mente pra funcionar?

Meu novo amigo, a sacerdotisa sabe que não lhe tirou o couro,

logo, ela, ou próprio caçador virão no seu encalço pra lhe matar.

Quando um deles vier na floresta, estaremos preparados a altura.

Contar-lhe-ei, mas ficará em segredo absoluto até sua execução.

Meu novo amigo sabe guardar segredo ou terei essa desventura?

Sei guardar segredo. Aliás, guardar segredo, faz parte da vida régia.

Certo, meu novo amigo. Não se assuste, pois deixarei de ser leão.

Já conversamos tudo, inclusive nós montamos até uma estratégia.

CAPÍTULO XVIII – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO DEUS PÃ

Nunca vi isso! É fantástico! Ver deus Pã voltando sua forma natural

Na cabeça dele surgem dois chifres de bode e cabelo desgrenhado.

O corpo dele ficou peludo. Da cintura para baixo vinha o anormal:

metade do corpo de um bode com patas e cascos duros por sinal.

O rosto de Pã era todo em rugas, mal feito e barbudo. Feinho, não?

Só pensei. Eu disse nada. Vá que fique ofendido com o comentário!

Pã me disse: só o deus que fez o encantamento, faz a sua anulação.

Agora em paz. Tenho Pã como um aliado e um plano extraordinário.

Pã afirmou que a poção dada pra um deus não faz nada, nadinha!

só produz efeito na raça humana (tanto faz o sexo) que a bebeu.

Dirce deve ter um antídoto pra eu voltar a ter o corpo que tinha.

De cabeça tranquila, veio uma outra preocupação. Meu provedor.

como achá-lo e tirar dele o encanto que o fez ser um gato egeu?

Eu tenho que distingui-lo dos demais gato seja de que jeito for.

CAPÍTULO XIX – OS MENSAGEIROS REAIS RETORNAM DAS TERRAS VIZINHAS

Os mensageiros que o rei enviou para saber do homem aniquilado,

na forma de lobo feroz, pelos guardas reais, voltam sem novidade,

exceto um que chega já querendo falar com rei. Parecia assustado.

Gente, coloca-me na presença real é um assunto de alta gravidade.

Mensageiro, o rei não está. Nada falou. Chama-me o comandante.

Comandante, deusa Circe está em nossas terras. o que a traz aqui?

No fim da floresta oposta as nossas terras viram a deusa triunfante.

Trazia dois prisioneiros; uma mulher e um homem, é o que entendi.

Perto dela havia uma alcateia. Mandou o casal adentrar na floresta.

Deu tempo e mandou os lobos atrás. A mulher, ninguém conhece;

O homem devorado era mensageiro real. Uma testemunha atesta.

Porque o emissário do reino perto era preso da deusa, não se sabe.

A testemunha falou que a dama e o varão não são cônjuges. Parece

que condenados à morte pela deusa. Ocultar o delito a mata cabe.

CAPÍTULO XX – CONTROVÉRSIA

Emissário, antes de ir pro descanso, chame Senhora Dirce pra mim.

Pelo que o rei expos a mim, na fala dela há algumas contradições.

Senhora Dirce, o comandante quer falar consigo. Qual teor enfim?

Não sei. A senhora vai ou não? Vou não. Não sei quais as razões

Levam um ser ignoto querer faiar comigo? Não sou uma donzela,

Mas por ser uma plebeia, não quer dizer que não zelo pela honra.

Diz ao seu oficial para ele não me importunar. Eu estou sob a tutela

Do rei. Soberano chegou, nós falaremos. Eu não cairei em desonra.

Nós aqui somos: eu, seu oficial, o rei e uma empregada do castelo.

Faça-me um favor. Dê ao seu comandante minha reposta negativa.

Mal mensageiro saiu, clima de medo. Quanto tempo os engabelo?

Os mensageiros que o rei enviou chegaram dos reinos aos redores

Trouxeram fatos que depõem contra mim. Eu não tenho alternativa.

No castelo, só essa noite. Amanhã mato o leão e os meus temores.

CAPÍTULO XXI – O GATO EGEU

A sacerdotisa está se dirige à floresta e nas costas uma aljava cheia.

Na certa pretende fazer alguma maldade ao rei. O que devo fazer?

Sou apenas um gato. Se for à mata, a coisa pro meu lado fica feia.

Algum animal de grande porte quererão imediatamente me comer.

Mas, se o rei continuar leão ou morrer, eu serei para sempre gato.

Há em mim um desejo enorme de que tudo volte a ser como antes.

Eh! Partiu floresta. Sacerdotisa, espero poder cortar o seu barato

Mesmo me expondo ao perigo, com pulmões e narinas bufantes,

Acho o leão-rei numa cova. Só. Eu o encontrei por acaso, confesso.

Uns me dirão que eu fui ajudado pelos deuses. Se for, legal também.

Ele me reconhece. Apesar das condições, conversarmos. Gato, peço

que me diga o que faz aqui! É perigoso! Acabará virando comida!

Você é um gato da cidade e não selvagem. Saia! Enquanto convém!

Não posso, Majestade! Dirce está vindo! Você corre o risco de vida.

CAPÍTULO XXII – ATALAIA

Obrigado, provador, pela lealdade. Temos um plano para execução.

Vamos avisar ao deus Pã que a sacerdotisa Dirce está vindo para cá.

Os animais silvestres, assim que ela por os pés aqui, nos avisarão.

Não seremos pegos de surpresa como foi com o caçador. Ela verá.

Para Dirce vir atrás de mim revela que está sendo bem pressionada.

Não sei se pela Circe ou alguém do meu reino. Pelos dois, eu creio.

Como, provador? Majestade, ao virar bicho, não entendo mais nada

da fala humana. Foi só os emissários chegarem, veio a ela o receio.

Os mensageiros enviados aos reinos vizinhos trouxeram novidade.

que deve comprometê-la bastante. Acuada, Dirce logo decidiu agir.

Legal, provador. Uma mente muito inquieta obstrui a racionalidade.

Fica perto de mim, provador. Talvez hoje saiamos desse pesadelo.

Deus Pã está com um leão de verdade A voz de Dirce passo ouvir.

Façamos barulho pra atrai-la. A sacerdotisa virá num só atropelo.

CAPÍTULO XXIII – ABRINDO O BICO

Ao adentrar na mata, Dirce olha pra frente, sofre um maior espanto.

Majestade... como pode? Era para o senhor está na forma de leão!

Como pode ver, eu não estou. Olhe para mim! Já passou o encanto!

Jamais pensei em ajudar alguém e receber em troca uma traição.

Em suas costas há uma aljava repleta de flechas. Não ouse usá-las.

Você não é minha amiga e sim de Circe, que tem comigo uma rixa.

É muita coincidência você se chamar Dirce. Dúvidas, quero saná-las.

Qual é seu nome de fato? Por que quer me matar? Sem ser prolixa!

Dê-me a sua aljava com flechas. Não me obrigue usar de violência.

Pode começar. Eu Sou Zoé. Uso Dirce para expor a quem pertenço.

Fui consagrada a Circe quando bebê. Sacerdotisa na adolescência.

Majestade, numa guerra, você matou o xodó da Circe. Sem perdão.

Matei com gosto um comandante. Assassino sem nenhum senso.

Agora sei o porquê. Ser amante de Circe é igual ter superproteção.

CAPÍTULO XXIV – PADRASTO

Outra pergunta, Zoé. Quem é o cadáver que lhe mostrei no castelo.

Não nos falou quem é, porém os seus modos disseram o contrário.

Acertou, majestade. Quer saber quem é o moribundo? Eu o revelo.

É meu padrasto. Era ruim comigo e minha mãe. Sujeito ordinário!

Pedi permissão a Circe pra usar uma das porções. Deixou-me afinal.

Ele estava na alcateia. Circe liberou os lobos. Ele veio atrás de mim.

Sua intenção clara era me matar por eu ter feito aquilo. Se deu mal.

Circe sabia que senhor estava lá. Armou ao meu padrasto letal fim.

Zoé, mostrarei a inutilidade das poções. Bebê-las-ei na sua frente.

Eu não as trouxe, majestade. Zoé, não ignore a minha inteligência.

As poções estão com você. Tomá-la-ei e continuarei sendo gente.

O rei toma a poção. Não vira leão. Zoé, viu que eu falo a verdade?

Não, não vi. Você é uma farsa. Sósia do rei. Crê na minha demência.

Atrás de você há uma caverna. Nela tem leão. Talvez sua majestade.

CAPÍTULO XXV – POÇÃO SEM EFEITO

Zoé, mesmo sendo eu sósia do rei, a poção deveria fazer efeito.

Já lhe disse, a poção demora um pouco. Fique tranquilo e quieto.

Darei essa poção ao felídeo monarca. Não sei como e nem jeito.

Sacerdotisa! basta chamar o leão-rei que ele virá até nós direto.

Quem chamará? Eu? Você? É assim tão fácil? O leão não vai reagir?

Você deve ter visto cada coisa esquisita, esta é mais uma à sua vida.

Leão venha aqui! Tenho uma amiga a lhe apresentar. Sem agredir.

A fera sai da caverna e vai até os dois. Pronto Zoé, dê-lhe a bebida.

O antídoto não causa efeito. Leão continua sendo leão. Não vira rei.

Muitos passam. Humano não virou leão, nem o leão virou humano.

Convencida, Zoé?! A sua poção não é mais mágica. porque, não sei.

Terei que procurar a deusa Circe para ver o que te fato aconteceu.

Faça isso! Qual será reação da Circe ao saber do seu novo engano,

Sósia do rei, Circe não queria mais falha como da outra vez se deu.

CAPÍTULO XXVI– CAINDO NA CILADA

Zoé, você ainda está com pouco de dúvida? Tome a sua poção!

Beba sem medo! Nada aconteceu comigo, nada lhe acontecerá.

Assim, ao encontrar a deusa Circe, dê a ela a seguinte explicação.

As poções mágicas não funcionam mais, portanto nada fazer há

Você é uma prova viva. tomou a poção e nada aconteceu consigo.

Após beber a poção, o que você fará com os frascos não utilizados.

Eu os jogarei fora. Não servirá pra nada pois não causa mais perigo.

Posso ficar com eles? Os frascos da poção não ficarão guardados.

.

Virarão peças de decoração na minha casa. Posso com eles ficar?

Sorveu a poção e deu os frascos restantes ao sósia do soberano.

Com os frascos na mão, o sósia do rei começa a se metamorfosear.

Volta a sua forma de origem, ou seja, o deus da floresta, o deus Pã.

Por isso a poção falhou! O sósia ´´e um deus e não um ser humano!

Enganou-me. Até me induziu a beber da poção. Que drama malsã!

CAPÍTULO XVII - RATAZANA

Que animal eu serei transformado? Zoé sente uma enorme fobia.

Pã dispensa o leão de verdade e chama o leão -rei e o gato egeu.

Bebam a poção e voltem as suas formas humanas. Quanta alegria!

Zoé vê o leão voltar ser rei, o gato a ser provador. Contudo, sofreu.

Sabia que com ela iria acontecer o inverso. Como vou reverter isso?

Só com o auxílio da deusa Circe. Invocarei à minha deusa protetora.

No meio da oração, algo errado acontece. As palavras têm sumiço.

Era a sacerdotisa se transformando em bicho. Virou uma roedora.

Como ratazana, a sacerdotisa foge do local temendo predadores.

Os dois humanos agradecem muito ao deus da floresta. Em breve,

Deus Pã, você terá a flauta de ouro. Não atentarei com os valores.

Retornando ao reino, o rei é recebido por todos com muita euforia.

Majestade, aquela mulher que salvamos é encrenca. O senhor deve

afastá-la do reino. É a melhor sacerdotisa de Circe, deusa da magia.

CAPÍTULO XXVIII -DE VOLTA AO REINO

O rei manda chamar todos os nobres do reino para uma reunião.

Nela. o rei conta tudo que aconteceu e o porquê que aconteceu.

Todos ficam estupefatos com o relato do rei sobre aquela situação.

O rei fala da ajuda do deus Pã e conta a todos o que ele prometeu.

Dos nobres, o rei recebeu vários nomes de ourives para o trabalho.

O rei pediu um ótimo flautista para discernir a excelência do som.

A flauta tem que estar no nível de um deus. Eu não quero ter ralho.

Sabemos como os deuses são bem temperamentais. Sobem o tom

quando as coisas não são dos agrados deles. Logo, lá vem punição.

Mudarei o brasão real para eternizar essa aventura por mim vivido.

Estejam prontos. mais breve possível a flauta do Pã e meu brasão.

e claro, se quer abrir mão do equilíbrio, da beleza e da qualidade.

Com as duas coisas prontas, darei uma festa e a todos eu convido.

Nobres, plebeus, deuses, gringo. Meu reino, sinônimo de felicidade.

DIRCE (DE CIRCE) – CAPÍTULO XXIX - O REINO EM PAZ

O brasão e a flauta de Pã ficaram prontos. O rei então deu a festa.

Durou uma semana. Pã amou o novo instrumento e o achou belo.

O novo brasão tem o castelo real centralizado. O deus da floresta

aparece acima, no lado esquerdo, parelho com as torres do castelo.

Abaixo do deus Pã está o gato egeu, homenagem ao fiel provador.

Acima do lado direito, junto as torres do castelo, a bela coroa real.

Abaixo, paralelo ao solo do castelo um forte leão com ar protetor.

O povo e a nobreza aprovam novo brasão. Foi sim incondicional.

Na festa, a deusa Circe surge e direciona ao rei um discurso hostil.

Deusa Circe, você pode ou quer me ouvir? Tenha piedade de mim!

Não matei o comandante para afrontá-la. Sou mortal, não imbecil.

Matei o comandante na guerra. Era ele ou eu. Ele ter o seu amor,

não sabia, se soubesse, de nada valia. Mas rogo para que tenha fim

sua aversão comigo. Fique em paz, majestade. Acato o seu clamor.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 10/06/2024
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