Todas e nenhuma
Em qual espelho, amor, perdi a minha face?
Há tanto perguntei, porém nem é preciso
que réplicas me dês, que faças teu juízo,
eu mesma respondi, e esclareci o impasse.
No espelho não perdi o rosto, o olhar, o riso,
pois eu carrego em mim o laço e o desenlace,
sou todas que vivi, por mais que me amargasse
o verso que escrevi, loquaz ou mais conciso.
Mil tramas, pontos mil, encantos, desencantos,
e todas as paixões, pecados, beijos tantos,
todos os tons de azul, de rosa e de vermelho.
Todos os sonhos meus... sou todos e nenhum,
sou síntese de sóis vividos de um em um
e nunca me perdi no fundo de um espelho!