TÁRTARO
Como Tântalo padeço e, ora, me vejo
ao Tártaro condenado, em agonia.
Ele, por roubar dos deuses a ambrosia,
e eu, por roubar apenas o teu beijo.
Os frutos, desses que dão mais desejo,
pendiam sobre Tântalo em demasia,
E a água lhe escapava, fugidia,
e a sede o consumia nesse ensejo.
Ver-te, querida, e não poder tocar-te
é num pomar um padecer de fome
e é um perecer de sede em um oásis
ter-te ao meu lado e não poder beijar-te.
E neste Tártaro vil que me consome,
assim igual a Tântalo tu me fazes.