VIAGEM
Numa nau embarquei minh'alma,
Remando, sonhos mudos, solucei.
À deriva, não aportei meu trauma.
Só, entre as saudades, me abracei.
Incerta, a morte viria ao anoitecer.
Já fui capitão de minhas decisões.
Derivo da vontade de amanhã ser.
Remisso, me redimi em desilusões.
Morro, vazio do que havia em mim.
Será um corpo alforriando a mente.
Alma que brotará em algum jardim.
Navego ledo, para incubar semente.
Cultivando sob o céu, flor de jás mim.
Ressuscitando, sim, minh'alma ausente.