O BILHETE

 

Deixa aberta a cortina na janela

à visão branquejante do luar,

sobre a cômoda, a nossa foto, aquela

de mãos dadas os dois, diante ao mar;

 

deixa acesa do lado, acesa a vela,

reluzindo agitada, em teu olhar;

leva aos lábios, então, a flor singela,

quase como se fosse me beijar.

 

Quando a música, enfim, tiver parado,

teu cabelo, num ápice dourado,

sobre a pele sedosa reluzir,

 

ao findar esse rito encantador,

despetala por todo o leito a flor.

E te aquieta, esperando-me a sorrir.