ROSA 77 PENÚRIA
Eis o soneto em sintonia carteziana,
Nas rimas do descuido eis a dança,
Dinheiro ao pobre, pena na bonança,
Ambos voam na brisa cotidiana.
Na mão humilde, como pena frágil,
Tarde em chegar, difícil de reter,
A brisa sopra, destino instável,
Necessidade logo faz perder.
Riqueza voa, vento sempre à espreita,
Pousa um instante, breve como a vida,
Necessidade, vento que aceita,
Leva consigo, numa despedida,
Ao pobre resta a busca desfeita,
Sonhando um dia, a paz merecida.