Culex

(À Sra. Stephanie Armelin)

O poeta, feito um mosquito impertinente,

Sai à caça da infausta refeição;

Zumbe cá e lá, carente de sua nutrição,

Até que pousa em nívea nuca insciente.

E zumbe, e zune sua canção renitente

Enterrando, indelicado, o seu ferrão –

E eis que, num paroxismo de gula, o glutão

Bebe até rebentar as tripas finalmente –

E tal qual ele adora sangue, o poeta

Adora zunir sua ardente poesia

Nos ouvidos de sua musa predileta,

E a fome que tem de amor e de amar sacia

Com beijos em rica, excessiva dieta,

À espera de também rebentar-se um dia!

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 27/05/2024
Código do texto: T8072752
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