SANGRANDO
Fiz-me poeta, um dia, pra entender
a alma do poeta, incompreendida...
Quis eu saber o que ele tem na vida
que o faz mais que os outros padecer.
Então poeta, passei a compreender
que quando este nasce, uma ferida
traz, incurável, no peito esculpida
que nunca sara ou para de doer.
Algumas vezes acha um lenitivo
que torna a dor em si menos sentida,
mas se acaso encontra alguma cura
pensa que a dor é o que o mantém vivo,
põe, pois, vinagre em cima da ferida
que abre e sangra e nunca mais sutura.