IRONIA
Por anos vi em ti um amor sem fim,
por mim, como se eu fosse o teu eleito.
Então, parti sem te levar em mim,
ficando, inteiramente, no teu peito.
Voltei. Revi-te. A vida é sempre assim:
as coisas mudam, vi-te de outro jeito,
porém o amor em ti, nesse ínterim,
o tempo em cinza - em pó - o havia feito.
Mas fui a ti dizer, subitamente,
de um amor voraz que em mim foi surgindo,
por ti. De uma chama que no peito arde...
Mas de mim te afastaste indiferente.
-Ainda é cedo? Perguntei sorrindo.
E tu, chorando, respondeste: -É tarde!