Adeus

 

A vaga silhueta de tua solitária vela

 desaparece no espaço esmeralda,

e só resta o Grande Rio 

a correr para os confins do céu.

 

(Adeus a Meng Haoran, Li Bai, China, 701-762)

 

Aos poucos tua voz desaparece,
mistura-se ao bafejo de uma brisa
(que tange a relva e nela se desliza)
suave como um cântico de prece.

 

E tudo, em teu olhar, também fenece
na réstia de ternura que agoniza,
aos poucos se desfaz, à tua guisa, 
a sutileza, o toque de finesse.

 

O gosto de um adeus me amarga o rosto
ao ver sumir teu vulto altivo e esguio
que amei demais, que eu amo, por suposto.

 

E a tua silhueta se desfaz
na turbidez das brumas junto ao rio,
nas brenhas de um silêncio tão voraz.

 

 

Edir Pina de Barros

 

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 23/05/2024
Reeditado em 30/05/2024
Código do texto: T8069753
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