Cicatriz do Tempo
Cicatriz do Tempo
Já fomos o amor mais verdadeiro.
Vestígios do tempo, pura saudade.
Fomos fogo, chamas lá do outeiro,
Agora, pensamento derradeiro.
Fomos sonhos que o mundo invejava
A tristeza cravada dentro do peito.
No adeus a ilusão chorava,
O luto cruel jamais desfeito.
Fomos raios, ventos destroçados.
Agora, sem luz, nenhum destino,
Segredos perdidos e derrotados.
O que restou? Ecos, sombras, espasmos...
Cicatrizes mata o menino,
Sangra nas lágrimas de fantasmas.
FERNANDES, Osmar Soares. Cicatriz do Tempo. Recanto das Letras, 23 maio 2024. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/8069641. Acesso em: 24 fev. 2025. Licença Creative Commons.
A introdução do soneto Cicatriz do Tempo
Busca apresentar um momento de reflexão profunda sobre o amor, a perda e os impactos do tempo nas emoções humanas. Com uma estrutura clássica, composta por 14 versos decassílabos, o soneto explora a transitoriedade das experiências e as cicatrizes deixadas por eventos marcantes na vida do eu lírico. Ele se utiliza de metáforas intensas e imagens vívidas, como "cicatrizes que matam o menino" e "sangra nas lágrimas de fantasmas", para ilustrar o sofrimento e a imortalidade da dor, evocando a ideia de que certas experiências permanecem indeléveis, mesmo quando o tempo passa.
A partir dessa introdução, podemos perceber que o poema busca um equilíbrio entre a beleza poética e a profundidade emocional, fazendo uso de uma métrica rigorosa e de uma rima bem definida, ao mesmo tempo que se permite certa liberdade lírica ao expressar a complexidade dos sentimentos humanos.