Quando eu morrer então nunca terei nascido e vivido: a morte apaga os traços de espuma do mar na praia. Clarice Lispector
Reencarnação
Quando a morte vier, venha sozinha!
Sem anjos ou demônios ao seu lado!
Se tiver que sofrer, sofro calado,
Pra que a dor enfim seja só minha.
Não vou medir o pranto derramado.
Não vou levar sequer uma lembrança.
Vou empenhar minh’alma, de fiança,
Até pagar o último pecado.
Vou apagar os rastros do caminho,
Pra que eu possa assim morrer sozinho,
Como a última conta do rosário.
E ao chegar no céu (assim espero),
Vou voltar outra vez à estaca zero,
E refazer o mesmo itinerário.