SONETO TERRENO

se eram meus aqueles ossos lançados ao mar

quem é este então que resiste à onda

no salgado chão que não se fronda

e não encontra outro lugar?

lá e cá não posso estar,

mesmo sem o peso do esqueleto,

cansado e obsoleto,

incapaz de caminhar.

devo ser alma inquieta,

do purgatório a predileta,

que muito pena sem se elevar.

devo ser alma deste mundo,

triste e pouco profundo,

a quem os como eu chamam de lar.