Soneto de Amor na Guerra
Amo-te tanto, oh, pérfida inimiga…
Amor tanto não negue a inimizade;
Amo-te com brutal sinceridade –
Amo-te muito, e muito além da intriga!
Amo de amor simplório e sem vaidade
Que amar ainda consegue em plena briga
E, na feição feroz, vê face amiga
E, a quem lhe trai, demonstra lealdade!
Amo-te, enfim, de um claro amor constante
Qual força soberana – incontestado
E que atravessa Infernos feito um Dante…
E mesmo em face do conflito armado,
Deste amor mesmo seja que, não obstante,
Amar-te eu possa, em teu sangue banhado.