DEVAGAR

Eu não me apresso, que o preço do passo

que a pressa impõe quando me acompanha,

faz-me tal o pássaro que se apressa ao laço

ou como à teia se apressa a aranha.

E de vagar, assim, de forma estranha

a divagar no que eu busco ou faço

percebo uma pressa de viver tamanha,

mas devagar o meu caminho traço,

que a muita pressa à vida a morte apressa

e a gente perde o passo no compasso

e o fim pode chegar antes do fim.

Eu sei que o tempo anda tão depressa

e o que nos resta vai ficando escasso,

mas devagar eu vou, melhor assim.

Claudeciano Ferreira
Enviado por Claudeciano Ferreira em 22/05/2024
Código do texto: T8068756
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