DEVAGAR
Eu não me apresso, que o preço do passo
que a pressa impõe quando me acompanha,
faz-me tal o pássaro que se apressa ao laço
ou como à teia se apressa a aranha.
E de vagar, assim, de forma estranha
a divagar no que eu busco ou faço
percebo uma pressa de viver tamanha,
mas devagar o meu caminho traço,
que a muita pressa à vida a morte apressa
e a gente perde o passo no compasso
e o fim pode chegar antes do fim.
Eu sei que o tempo anda tão depressa
e o que nos resta vai ficando escasso,
mas devagar eu vou, melhor assim.