CHAVE DE OURO

Nunca mais pude construir, eu sei,

um bom soneto digno de aplausos

que contasse, quem sabe, algum causo,

e eu fosse ovacionado em meio à grei.

Parece-me que este que comecei...

Deu um branco... agora, neste instante, pauso.

Mas como sou um poeta cheio de auso,

continuo nessa estrada em que derrapei,

pra chegar salvo ao meu destino, porto.

Embora o verso saia, às vezes, torto

e eu o ajeite qual se faz com bravo touro.

Como as águas do rio deságuam no mar,

os versos do soneto vão desaguar

no verso que chamamos chave de ouro.

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 22/05/2024
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