CHAVE DE OURO
Nunca mais pude construir, eu sei,
um bom soneto digno de aplausos
que contasse, quem sabe, algum causo,
e eu fosse ovacionado em meio à grei.
Parece-me que este que comecei...
Deu um branco... agora, neste instante, pauso.
Mas como sou um poeta cheio de auso,
continuo nessa estrada em que derrapei,
pra chegar salvo ao meu destino, porto.
Embora o verso saia, às vezes, torto
e eu o ajeite qual se faz com bravo touro.
Como as águas do rio deságuam no mar,
os versos do soneto vão desaguar
no verso que chamamos chave de ouro.