OBSOLESCÊNCIA
OBSOLESCÊNCIA
O meu tempo se foi sem que atinasse:
Eu, quando dei por mim, já não servia.
Como a viver senão de nostalgia
Ou de quinquilharia eu não passasse.
Obsoleto de todo, quanto olhasse
Tão-só faria ver sem serventia
Cada mínima coisa que eu fazia,
Se co'a devida luz m'examinasse.
Quando não parvo, há anos sendo usado,
Passo agora por traste, abandonado,
E resto entre outras tantas bagatelas.
O meu tempo passou sem que soubesse.
Que sou senão memória que s’esquece
Ou outro fauno evitado por donzelas?
Betim - 20 05 2024