METONÍMIA

Enquanto leio um soneto, deitado,

sobre chuva, e saudade que não passa,

vejo água escorrendo na vidraça,

ouço choro de chuva no telhado.

Lembro uma voz e um rosto do passado,

num desenho que o pensamento traça,

que a saudade é alguém que se disfarça

e vem deitar-se, à chuva, ao nosso lado.

Lá fora, a chuva, mansa, continua

a umedecer e acalentar a rua,

que dorme, alheia, a dor que, ora, me invade.

Fecho o livro ... os olhos, mas não fecho

o coração, que, agora, no desfecho

do soneto, transborda de saudade.

Claudeciano Ferreira
Enviado por Claudeciano Ferreira em 20/05/2024
Reeditado em 21/05/2024
Código do texto: T8067524
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