A HORA DE TE VER
Lembro de um tempo em que eu não via a hora
de que a hora de te ver chegasse,
vendo o relógio como quem implora
que a eternidade de uma vez passasse.
E quando estava contigo face a face
e nos teus braços, queria nest’ora,
que o tempo, para sempre, então, parasse,
e eu não tivesse mais que ir embora.
Sempre com a alma de ansiedade cheia
eu esperava a hora te ver,
mesmo temendo o instante de deixar-te,
Como alguém que o pôr do sol anseia,
mas teme a escuridão do anoitecer
e sofre quando o sol, à tarde, parte.