A INVENÇÃO DE MOREL (série: um soneto para um livro)
Fausta é a paixão de quem ama uma imagem,
Condenado a admirar as aparências,
A estar presente, mas seguir ausências,
Ser fiel amigo em falaz amizade.
Faustine, com a sua magnificência,
Fora para Morel uma deidade
Que se projetaria pra eternidade
Não fosse por intrusa interferência.
Quem pode nada ter e ter saudade?
Para a razão seria uma incoerência,
Mas ei-la pulsar nesta personagem.
Ilhado no purgatório da ciência,
Morel, a máquina infernal que inventaste,
Dá vida à imagem... mata a consciência.