CHUVAS PARALELAS

Contemplo a chuva. É noite. É quase nove

horas. A rua toda embranquecida...

Um quê de não sei quê que me comove

percebo na vidraça umedecida.

Enquanto a água da chuva remove

alguma folha de árvore, caída,

sinto que dentro de mim também chove

numa enxurrada forte, desmedida...

Trazendo coisas pra fora de mim,

já tão perdidas, tão longinquamente,

de um tempo que, bem sei, não volta mais.

São duas chuvas, num chover sem fim,

uma levando as coisas pela frente

e a outra trazendo o que ficou pra trás.

Claudeciano Ferreira
Enviado por Claudeciano Ferreira em 19/05/2024
Código do texto: T8066732
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