Dor otimista

(À Sra. Stephanie Armelin)

“O happy dagger!”

(Shakespeare, ROMEO AND JULIET, ato V, cena 3)

“[…] enquanto a bela vive,

Também, Glauceste, vivo.”

(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA)

Ainda outra vez te acaricio, meu punhal,

Qual à incorpórea silhueta sonhada

Do alteroso Ideal – da mulher amada –

Tosca, às pressas, coligida em material.

É bom sentir tua frialdade de metal

Tal qual os ósculos de uma namorada,

E admirar a rutilância prateada

De tua lâmina esguia, ó meu punhal!

Mas… outra vez resisto à tua tentação

E guardo-te à bainha, as mãos a tremer,

Sem que sorvas do rubro de meu coração –

Ah, meu punhal…! Como poderia morrer

Se o anjo unido a mim por um astro malsão

Vive – e, enquanto vive, devo eu também viver…?

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 18/05/2024
Código do texto: T8065970
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