DE AMORES E DE CHUVAS

A saudade é a lâmina que mais corta

e tem a cor e o fogo que há no vinho,

e chega, sempre assim, devagarinho

e entra em nosso peito e desconforta.

Pela vidraça, contemplo sozinho

a tarde cinza, fria e absorta...

Lá fora, a chuva escorre de mansinho,

como um rio de lágrimas, sobre a porta.

...A chuva foi-se... A tarde é fria e triste,

que tudo fica triste se o amor passa,

tirando a graça de tudo o que existe,

Mas a vidraça em meu olhar embaça,

que dentro, em mim, o teu amor persiste,

e chove em mim... É tudo tão sem graça!

Claudeciano Ferreira
Enviado por Claudeciano Ferreira em 15/05/2024
Código do texto: T8063955
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