Espinhos
Conservo quelóides de imensas dores
Tão feias quanto minhas cicatrizes.
E elas, ao contrário do que dizes
Ainda existem vivas em carnes e cores.
Carrego no peito resquícios de amores
Enrustidos nas lembranças de dias felizes,
Mas acometidos dos muitos deslizes
Da ausência triste de tudo que fores…
Essa ferida que se fecha em cura
Na minha pele enterra o mais vil espinho,
Mesmo tendo eu, alma tão bela pura.
Foram os remendos em minha doçura
A transformar meu estreito caminho
Num imenso amargo que ninguém procura.