SETE VIDAS
Há fogo aceso no olhar, em degraus
Como quem vê bugalhos pela frincha
É tudo de alma que geme e pincha
Pelos bons, os inertes e os maus
Há todo o sangue preso numa trincha
No surripiar de escarpas, nessas naus
Que vagam pelo mundo, pelos vaus
Ora em mares soturnos numa chincha
É ver os olhos à pressa, à bolina
A pôr mãos aos tesouros da neblina
Antes que a fuga se feche nos instantes
E de lá lhe arrancam sete vidas
A verter num papel e sem medidas
Vão de asas, pelo vento, aos quadrantes
14-05-2024