OS DOIS LADOS DA LUA
Lua dos poetas. Lua dos amantes.
A mesma lua para dois distantes.
Uma face brilha em delírio e paixão;
A outra é sombria em dor e solidão.
A mulher que amo, em êxtase, me arrebata;
Iluminando meu caminho deserto e escuro.
Mas sua ausência, sua indiferença que mata,
Oferece dor como herança, que abjuro.
Viverei transmigrando os dois lados da lua:
Eternamente só, por não estares a meu lado;
Jamais sozinho, trazendo-te no coração.
Sob a lua, um soneto em serenata o poeta alua:
Resplandecendo numa face seu amor desprezado;
Oferecendo a outra face à dor e à escuridão.