RÉPLICA EM HOMENAGEM a Florbela Espanca
Lendo teus versos de profunda avidez
Secretamente, como quem pede licença,
Pude compreender essa tua dor imensa
Entre acordes sutis de languidez!
Foste à flor mais bela que existiu
A versejar entre rendas toda a sorte
Num gesto brusco de encontro à morte
Cedo te foste... tão sozinha partiu!
Deixando para trás os sofrimentos,
Num túmulo de saudades os teus lamentos,
A se decompor em lágrimas os teus desejos;
Como névoa a flutuar o amor desfeito,
A mágoa a sangrar dentro do peito,
Em breve repouso a te cobrir com beijos!
Convida-me, pois, a conhecer tua morada,
A seguir os passos que foram teus...
A segurar com humildade a mão de Deus
Com asas de liberdade na alvorada!
Somos alma da mesma alma penitente
Fiz de ti o meu refúgio à luz do dia...
Vesti-me de luto na crença e n’agonia,
No pungir das horas inconsequentes!
Descansa em paz na eternidade...
A Flor que foste em vida dor e saudade,
Hás de permanecer envolta de mistérios;
Hei de te desvendar de quando em quando,
Tu hás de me ver sempre chorando...
Demo-nos as mãos no céu etéreo!
Uma Homenagem a FLORBELA ESPANCA