MAIS SUBLIME
Não é amor o que sinto. Não, não deve
ser amor. Sempre que amei na vida,
não foi, assim, tão bom, tão puro e leve,
nem trouxe-me esta luz enternecida.
O amor, quando o vivi, durou tão breve
e isto que sinto traz nele contida
uma paz infinda que não se descreve
e um tempo terno, calmo, e sem medida.
Não deve ser amor. É mais sublime,
pois o amor, este que dizem, oprime
sufoca, prende, cobra e se desgasta.
E isto que sinto de mim nada exige
e ao ser amado dor nenhuma aflige,
senti-lo apenas satisfaz-me e basta.