Vida mal vivida
Eu, que tive uma vida entediante...
sobre esta minha campa mal cerrada,
vejo que minha carne não é nada
e tudo passa num fugaz instante!
Devia ter vivido o extravagante,
sem ter a alma sorvida e tão cansada...
ter cada riso, cada madrugada,
como se fosse sempre um sol brilhante!
Mas, no sossego do meu fim, desperto,
vendo que o tempo é o mais cruel deserto
de sonhos que deixei pelo caminho...
E nesta eternidade, enfim, me deito,
certo do meu asfixiante leito,
tendo o arrependimento por vizinho!