SONETO ROSA 3 VELHO PORTO ASSOMBRADO
És um fantasma, toda pedra tem tua mão.
Ainda te vejo, bêbado, deitado no velho sofá.
Fazendo mil juras de amor, a me enganar.
Vives em cada detalhe desta construção.
Vejo-te em pé, cozinhando no fogão.
Fizeste-me tanta raiva, como posso ainda te amar?
Como me fazias, depois da traição, sonhar?
Toquei fogo no velho colchão, e meu coração?
Tento de todas as formas me distrair.
Esquecer teu cheiro, teu corpo.
Mas tudo, tudo e todos me lembram de ti.
É que me tornei um velho porto.
Onde não pode atracar outra embarcação.
À beira-mar, contemplando a solidão.